Maria Alice Estrella
O rei
Por Maria Alice Estrella
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1958. Eu tinha oito anos, ele tinha dezessete e estreava como jogador na Copa do Mundo de futebol.
Os jogos eram transmitidos pelo rádio e ouvíamos despretensiosamente sem saber que assistíamos ao nascimento de um rei. O rei Pelé.
Lembro que os documentários das sessões de cinema mostravam trechos dos jogos e assim pude ver do que aquele menino era capaz dentro do campo de futebol.
Também uma gravadora de discos colocou à venda um Long Play, de 33 rotações por minuto, com a narração de locutores esportivos das partidas da Copa na Suécia.
Vencemos e os jogadores trouxeram a taça para o Brasil para delírio do povo.
A festa foi retumbante. E o nome do menino Pelé consagrou o maior jogador desse esporte em todos os tempos.
Acompanhei a sua trajetória com muito orgulho de sabê-lo embaixador da minha pátria. Em qualquer lugar do mundo ele é conhecido e respeitado porque carregou “o coração na chuteira” muito antes de que compusessem essa canção que empolga os torcedores. Pelé jogando era imperdível. Espetáculo a ser visto com emoção e muita vibração.
E a cada vez que tive o privilégio de vê-lo jogar aumentou minha admiração. A cadência dos movimentos, o jogo de cintura nos dribles, a visão perfeita das criativas jogadas de mestre, a liderança de guiar seus companheiros para a conquista de gols e mais gols que a história registrou e solidificou.
Para minha alegria estive com ele num voo da Varig de Los Angeles para o Rio de Janeiro. Ele estava na primeira classe junto com o irmão, que era seu guardião e protetor. Um dos tripulantes veio me avisar que o Pelé estava a bordo. Achei até que era brincadeira dele, mas meu filho mais velho que estava com sete anos, foi ver o Pelé. Sentou ao lado dele e ficaram se olhando. O Pelé sorria e o Rafael também. Conversaram durante algum tempo e eu de longe observava.
Meu filho voltou para sua poltrona com os olhos brilhando. Não era para menos. Ele conversara com o rei do futebol.
Um pouco antes do pouso, o irmão do Pelé veio até nós, trazendo uma fotografia grande do Pelé com um autógrafo para o Rafael. Coloquei no bolso da poltrona da frente e nem preciso dizer que na afobação da saída do avião, esqueci de pegar a foto.
Eu estava cheia de sacolas de brinquedos dos três filhos e fui corredor afora até parar na porta, que também era a saída da primeira classe da aeronave, esperando que os meninos se aproximassem. Lembro bem que eu falei que viajar com crianças era como viajar com uma companhia de teatro e, ao meu lado um homem riu. Eu virei o rosto e vi quem era, O Pelé em carne e osso com o maior sorriso estampado no rosto numa simpatia cativante. Fiquei tão emocionada por estar ombro a ombro com o rei que só consegui dizer:- Oi!
Em compensação, na homenagem que os jogadores da atual seleção brasileira fizeram no final da partida do jogo de segunda-feira, deixei a emoção transbordar do peito e se derramar em lágrimas de carinho e respeito pelo eterno Rei Pelé!
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